28. Arde minha mãe
ferida na luz
de suas mãos
Este é seu lugar
um útero de rosas
uma floração líquida
de lírios quase brancos
desenhados
como rugas que rebentam
milímetros de tempo
A roupa cerca-nos
agora que deixámos
o bater do coração
Deixámos de cantar
a verdade possível do tempo
que a mágoa extensa alastra
A estranheza é a de haver cinza
sem ter corrido o fogo
e neste incêndio não haver perda
Só o vazio das mãos.
Graça Magalhaes, (2009) A Geografia do Tempo, Palimage Ed.
domingo, 28 de novembro de 2010
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