*
28.
Assim corre o orvalho
A bebedeira dentro das flores
assim corre a geada dos canais
a adoçar os olhos das mulheres
na memória dos pássaros.
Os homens deitam-se nos medos
Dormem pensamentos nos telhados
Fecham o sexo das mulheres.
Nunca se pode dizer a boca
Molhar os dedos cruzar a língua
Abrir a porta sem um trinco de correr
Dizer a casa e o escondido das jóias pretas
As meias de carne a correr, o gato verde.
O branco é o centro
E o centro devora.
29.
Uma casa branca
Plantada no meio do cio.
Porque as casas são de dentro
Pureza sem descanso
De estar breve em eternidade
Dentro do fim.
Pássaros
Onde a força da corrente não é um hábito.
Onde a vida é um erotismo na garganta
Original de fenda em flor a abrir
Segredos arrasados
No raiz do imaginário
Entrecortado
De soluços como lírios
No vidro das paisagens.
Graça Magalhães, Na Memória dos Pássaros [2006], Palimage
Assim corre o orvalho
A bebedeira dentro das flores
assim corre a geada dos canais
a adoçar os olhos das mulheres
na memória dos pássaros.
Os homens deitam-se nos medos
Dormem pensamentos nos telhados
Fecham o sexo das mulheres.
Nunca se pode dizer a boca
Molhar os dedos cruzar a língua
Abrir a porta sem um trinco de correr
Dizer a casa e o escondido das jóias pretas
As meias de carne a correr, o gato verde.
O branco é o centro
E o centro devora.
29.
Uma casa branca
Plantada no meio do cio.
Porque as casas são de dentro
Pureza sem descanso
De estar breve em eternidade
Dentro do fim.
Pássaros
Onde a força da corrente não é um hábito.
Onde a vida é um erotismo na garganta
Original de fenda em flor a abrir
Segredos arrasados
No raiz do imaginário
Entrecortado
De soluços como lírios
No vidro das paisagens.
Graça Magalhães, Na Memória dos Pássaros [2006], Palimage