sábado, 9 de maio de 2009

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Gazânia (Gazania rigens) - foto Augusto Mota


28.
Assim corre o orvalho
A bebedeira dentro das flores
assim corre a geada dos canais
a adoçar os olhos das mulheres
na memória dos pássaros.

Os homens deitam-se nos medos
Dormem pensamentos nos telhados
Fecham o sexo das mulheres.

Nunca se pode dizer a boca
Molhar os dedos cruzar a língua
Abrir a porta sem um trinco de correr
Dizer a casa e o escondido das jóias pretas
As meias de carne a correr, o gato verde.

O branco é o centro
E o centro devora.


29.
Uma casa branca
Plantada no meio do cio.

Porque as casas são de dentro
Pureza sem descanso
De estar breve em eternidade
Dentro do fim.

Pássaros

Onde a força da corrente não é um hábito.
Onde a vida é um erotismo na garganta
Original de fenda em flor a abrir

Segredos arrasados
No raiz do imaginário

Entrecortado

De soluços como lírios
No vidro das paisagens.


Graça Magalhães, Na Memória dos Pássaros [2006], Palimage

4 comentários:

  1. escreves magia porque és magia

    fabuloso*

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  2. Obrigada. O sentido da escrita está aqui, nas vossas palavras, na magia que me "emprestam". Obrigada.
    Graça Magalhães

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  3. tenho este livro.


    agora tenho também o lugar das palavras.


    obrigada.

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  4. Foi aí, no lugar das palavras, que já conheço há tempos...que comecei a ler a poesia da Maria José. E é curioso, sinto fascínio por si porque me fascimna também a sua escrita. Um dia destes temos que nos conhecer!
    Abraço poético.
    Graça Magalhaes.

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