segunda-feira, 28 de junho de 2010

Declaro-te um rio

Esta é a neve maior
e eu chamo

Declaro-te
pássaro que me invade
como relâmpago
desarrumo oásis nos olhos
onde flutuam sais de fogo
como quem vê passar
um êxtase de silêncio
um traço de pele
unindo as mãos ao corpo
a boca ao interior dos lábios
o céu dentro de um vestido
flutuam indícios sobre o peito
desarma-se a tremura
nessa forma sublime
um rio
intensíssimo de bátegas
onde tudo acontece
fitas coloridas
medula ardente
o fascínio da pedra
onde se agita o fogo
num ponto de luz.

Graça Magalhães (2009), A Geografia do Tempo, Palimage

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